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Edital de Convocação

SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE JUIZ DE FORA

CNPJ/MF n.º 20.453.643/0001-06
EDITAL DE CONVOCAÇÃO

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora, Minas Gerais, através de seu diretor presidente, ao final assinado, nos termos dos estatutos sociais e legislação aplicável, CONVOCA todos os jornalistas profissionais de Juiz de Fora sindicalizados, que este edital virem ou dele tomarem conhecimento, a participarem da Assembleia Geral Extraordinária Virtual a realizar-se no dia 17 (dezesseste) do mês de novembro de 2025, em sessão única, por meio virtual. Sessão assemblear, às 19 (dezenove) horas e 50 (cinquenta) minutos, em primeira convocação, com a presença de metade mais um da categoria, e às 20 (vinte) horas, em segunda convocação, com a presença de qualquer número de membros da categoria. Para discutirem e deliberarem sobre a seguinte pauta: 1) Aprovação de emendas às teses-guias do 40º Congresso Nacional de Jornalistas; 2) Eleição de delegação para o 40º Congresso Nacional de Jornalistas.

Para participar da assembleia, o jornalista deverá enviar mensagem se identificando como jornalista sindicalizado para o e-mail sindicatojf@gmail.com, e informar o número de celular pelo qual pretende entrar no evento. O link será enviado no dia da assembleia.

Juiz de Fora, 13 de novembro de 2025.

NOTA DE REPÚDIO AO TÉCNICO DO TUPI FOOTBALL CLUB

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora vem a público manifestar seu repúdio à atitude do senhor Raphael Borges de Miranda, técnico do Tupi Football Club, que chamou de “vagabundo” um dos integrantes da equipe de jornalismo da Tribuna de Minas, que chegou a acompanhar o treino na área externa do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio.

A agressão verbal ocorreu após o acesso dos jornalistas ter sido devidamente autorizado pela assessoria de imprensa do clube. De forma intempestiva, o treinador interrompeu a atividade e, de maneira agressiva, com um dos braços erguidos, passou a gritar em direção aos repórteres: “Isso é coisa de vagabundo, vagabundo!”

Com essa postura, o treinador tenta intimidar o trabalho jornalístico, desrespeita a liberdade de imprensa e atenta contra o exercício profissional.

Casos de violência e intimidação contra jornalistas têm aumentado no Brasil e no mundo. No contexto esportivo, infelizmente, é recorrente que dirigentes, técnicos e atletas, diante de momentos de pressão ou cobrança de torcedores, escolham atacar os profissionais da comunicação, em vez de reconhecer as próprias responsabilidades ou lidar com a crítica legítima e o interesse público que a cobertura jornalística representa.

O Sindicato lamenta que a postura do treinador Raphael Borges de Miranda contribua para a escalada desse tipo de violência. Exigimos uma retratação imediata por parte do técnico e um pronunciamento público do Tupi Football Club, instituição que sempre contou com o profissionalismo da imprensa juiz-forana na divulgação, valorização e preservação de sua história ao longo de seus 113 anos.

Reafirmamos que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora repudia qualquer ato de desrespeito, intimidação ou tentativa de cerceamento ao trabalho da imprensa, e reitera seu compromisso com a defesa da liberdade de expressão e com a integridade dos profissionais da comunicação, que, com dedicação e coragem, cumprem diariamente o dever de informar a sociedade.

CARTA ABERTA À REITORIA DA UFJF, GIRLENE ALVES DA SILVA, CONTRA A JORNADA DE 44H DOS JORNALISTAS TERCEIRIZADOS, QUE DESRESPEITA A PROFISSÃO E A LEI

Magnífica Reitora e Excelentíssimo Vice-Reitor,

Com o sentimento da mais viva indignação, a direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora vem, por meio desta carta, manifestar sua profunda preocupação com a situação dos jornalistas terceirizados que atuam na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Atualmente, esses profissionais cumprem jornadas de 44 horas semanais, em evidente contrariedade à legislação que regulamenta a profissão e que prevê 30 horas semanais de trabalho para jornalistas, conforme o artigo 303 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O Decreto-Lei nº 972/1969, que dispõe sobre o exercício da profissão, reforça o mesmo limite, e a Portaria nº 97/2012, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, fixa inclusive 25 horas semanais para jornalistas que atuam em órgãos da administração pública direta e indireta.

A manutenção dessa carga horária excessiva, além de ilegal, representa uma grave forma de precarização da atividade jornalística dentro de uma instituição pública que, pela sua natureza e missão, deveria ser exemplo de respeito aos direitos trabalhistas e à valorização do conhecimento técnico e intelectual.

Não há democracia que sobreviva sustentada por precariedade — seja no jornalismo ou em qualquer outro setor. Não há democracia sem escrutínio dos poderes econômicos e políticos, sem informação verificada, rigorosa e diversificada que ajude a sociedade a tomar decisões informadas. O jornalismo responsável é um pilar essencial da vida democrática e do combate à desinformação.

Em um momento histórico em que celebramos 40 anos da redemocratização do país, o jornalismo enfrenta novas ameaças. Uma delas é justamente a normalização das condições precárias de trabalho, que empobrecem a profissão, afugentam talentos e colocam em risco a própria qualidade da informação que circula no espaço público.

Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) aponta que, apenas no último ano, foram registrados 144 casos de violência contra profissionais da imprensa — uma agressão a cada dois dias e meio. Mas a maior violência enfrentada pelos jornalistas brasileiros hoje é a precarização estrutural do trabalho, que se manifesta na sobrecarga, no adoecimento mental e físico, na violação de direitos e no empobrecimento da renda.

Estudos recentes apontam indicadores alarmantes de precarização social entre trabalhadores da comunicação: flexibilização da jornada e do salário, vínculos precários, multifuncionalidade forçada, infraestrutura insuficiente, intensidade de trabalho crescente, insegurança de vínculos e adoecimento. É esse o contexto no qual a UFJF — uma instituição que tem a democracia e o conhecimento como valores fundantes — mantém jornalistas terceirizados com jornada de 44 horas semanais.

Em seu discurso de posse, Vossa Magnificência afirmou que “a democracia nos é muito cara no ambiente da Universidade. Como valor universal que deve ser sempre caracterizado.” E, evocando Guimarães Rosa, citou: “Quem elegeu a busca não pode recusar a travessia.

O Sindicato dos Jornalistas de Juiz de Fora acredita que parte dessa travessia, hoje, passa pelo reconhecimento concreto da importância da categoria dentro da Universidade — e pela adequação imediata da jornada de trabalho dos jornalistas terceirizados aos parâmetros legais e éticos da profissão.

Em 2009, travamos uma luta árdua, mas bonita, para preservar a exigência do diploma para o exercício do jornalismo. Estávamos juntos: estudantes, jornalistas, professores e reitoria. Fomos derrotados, mas com a consciência de que detestaríamos estar no lugar de quem nos venceu.

Isso porque a suposta vitória não se deu com base em princípios éticos ou constitucionais, mas se fundamentou em interesses empresariais voltados à contratação de mão de obra barata e não especializada. Esperamos que a Universidade Federal de Juiz de Fora, enquanto espaço de saber, não repita essa lógica, mas reafirme o valor do jornalismo profissional como instrumento de cidadania, transparência e democracia.

Pensar em substituir cargos jornalísticos por funções análogas pinçadas da Classificação Brasileira de Ocupações é demonstrar falta de compreensão sobre a natureza intelectual, técnica e social da atividade jornalística. O jornalismo não é intercambiável com funções “mais em conta”. É ele quem assegura a qualidade da comunicação pública, o rigor da informação e o direito da sociedade a ser informada de maneira ética e responsável.

Magnífica Reitora, seguindo o que nos ensina o poeta, jornalista e letrista piauiense Torquato Neto: “É preciso que haja alguma coisa alimentando o meu povo; uma vontade, uma certeza, uma qualquer esperança.” É assim, sedentos de uma qualquer esperança, que apresentamos o nosso apelo para que a UFJF reveja sua posição e adote medidas imediatas para reduzir a jornada dos jornalistas terceirizados, adequando-a à legislação e aos princípios que regem o serviço público e a atividade jornalística.

Defender condições dignas de trabalho é defender a democracia. E nenhuma universidade pública pode se omitir dessa travessia.

Juiz de Fora, novembro de 2025.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora

Projeto do Piso Salarial para jornalistas é apresentado na Câmara pelo deputado Daniel Almeida

O Projeto de Lei que estabelece o Piso Salarial para Jornalistas foi reapresentado na Câmara Federal pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA). A proposição, que ganhou o número 2209/2025, foi protocolada em maio e propõe base salarial de R$ 6.982,00 (seis mil novecentos e oitenta e dois reais) mensais, com jornada de trabalho de 30 horas semanais.

O projeto do piso foi inicialmente proposto pelo ex-deputado federal André Moura (PSC-SE), em 2011. O texto chegou a tramitar na Comissão do Trabalho, mas como não foi aprovado na legislatura 2015-2018, foi arquivado pela Câmara em 31 de janeiro de 2019, com base no artigo 105 do Regimento Interno, que diz que textos não concluídos são automaticamente arquivados na nova legislatura, tendo prazo de 180 dias para ser desarquivado. Como o parlamentar autor não se reelegeu e nenhum outro solicitou desarquivamento, o texto perdeu validade.

A pedido da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o deputado Daniel Almeida recuperou a matéria e reapresentou o PL, reajustando o valor proposto em 2011 com base na inflação do período. A matéria espera agora distribuição por parte da Mesa Diretora. A entidade se reunirá com o parlamentar em Brasília para traçar uma estratégia de mobilização para que a proposição ganhe visibilidade e tramite de forma ágil na Câmara.

“O Piso Salarial é uma das oito pautas prioritárias dos jornalistas brasileiros e a reapresentação da matéria na Câmara recoloca o tema em debate, para trazer mais dignidade à remuneração de nossa categoria, que hoje enfrenta o arrocho e a precarização das relações no mercado de comunicação”, diz a presidente da FENAJ, Samira de Castro. Para ela, é fundamental que os colegas acompanhem a tramitação do PL 2209/2025 e ajudem a pressionar o Legislativo a aprovar o texto.

Autor do projeto, o deputado Daniel Almeida acredita que mesmo com uma conjuntura adversa aos trabalhadores, é possível avançar para a instituição de um piso para os jornalistas. “O jornalismo é um pilar de nossa democracia e exige que os profissionais responsáveis por esse ofício tenham um salário digno e compatível com a importância de sua função social”, defende. O parlamentar diz que vai conversar com as lideranças partidárias para angariar apoio à matéria.

Desigualdade marca remuneração média de jornalistas no Brasil

Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Novo CAGED, revela um retrato preocupante sobre a remuneração dos jornalistas no Brasil: a remuneração média nacional da categoria é de R$ 8.607,84, mas esse valor esconde profundas desigualdades regionais.

Enquanto profissionais do Distrito Federal têm remuneração média de R$ 19.371,00, e os do Rio de Janeiro, R$ 9.989,97, há estados em que a média é menos da metade disso. Na Bahia, por exemplo, a remuneração mediana é de apenas R$ 3.731,02, a mais baixa do país. Outros estados com salários significativamente baixos incluem Piauí (R$ 4.403,78) e Pará (R$ 4.488,23).

O supervisor técnico do Dieese São Paulo – unidade que atende a FENAJ -, o economista Fernando Lima, reforça a diferença entre piso salarial e remuneração média: a segunda é a soma de todos os salários declarados pelas empresas e dividido pelo número de vínculos formais (empregados).

Apesar de ser considerada uma profissão essencial para o funcionamento da democracia, a atuação jornalística sofre com a desvalorização em grande parte do território nacional. Estados do Norte e Nordeste concentram os menores salários, o que evidencia a fragilidade estrutural do setor fora dos grandes centros urbanos e econômicos.

Mesmo estados com forte presença de veículos de comunicação, como Ceará (R$ 6.544,03) e Pernambuco (R$ 9.682,33), demonstram que o rendimento está longe de refletir o nível de exigência e responsabilidade da profissão.

Para a presidenta da FENAJ, Samira de Castro, a disparidade salarial entre as regiões reflete não só diferenças econômicas, mas também uma lógica concentradora da mídia e da publicidade no eixo Sul-Sudeste, onde estão as grandes empresas de comunicação e os maiores anunciantes. “Isso aprofunda a assimetria de condições de trabalho e oportunidades para jornalistas em estados mais pobres”, pontua.

Os dados de 2024 e 2025 apontam também que o salário médio de admissão dos jornalistas no país é de apenas R$ 4.231,86, valor ainda mais distante da média salarial geral da categoria. O número indica que jovens profissionais e recém-formados enfrentam grande dificuldade para alcançar estabilidade financeira na área. E que profissionais mais experientes e com salários maiores sofrem risco de demissão a cada nova crise.

Precarização silenciosa

A pesquisa ressalta ainda um desafio na medição da realidade do trabalho jornalístico: a informalidade e a pejotização. Muitos jornalistas atuam como pessoa jurídica (PJ) ou Microempreendedor Individual (MEI) – embora nao exista código de MEI para a categoria -, sem os direitos trabalhistas assegurados, o que distorce os dados oficiais e torna ainda mais difícil combater a precarização.

Essa informalidade é crescente especialmente em redações digitais, assessorias e comunicação institucional, onde há forte pressão por produtividade, mas sem garantias como férias, 13º salário ou jornada regulamentada.

Valorização urgente

Os dados reforçam a urgência de políticas públicas e negociações coletivas que assegurem pisos salariais dignos, valorização regionalizada e combate à precarização da profissão. “Em tempos de desinformação, ataques à imprensa e mudanças tecnológicas rápidas, valorizar o trabalho jornalístico é essencial para garantir o direito à informação da sociedade brasileira”, comenta Samira de Castro.

A dirigente explica que a FENAJ tem intensificado sua atuação por melhores condições de trabalho e valorização da categoria. Entre as ações em curso, destacam-se a atuação como amicus curiae no Tribunal Superior do Trabalho (TST) em processos que contesta a pejotização irrestrita; a reapresentação do Projeto de Lei 2209/2025, do Piso Salarial Nacional dos Jornalistas, de autoria do deputado federal Daniel Almeida (PCdoB/BA); e a Campanha Salarial Nacional Unificada, que busca fortalecer a mobilização conjunta dos sindicatos em todo o país.

“As iniciativas buscam frear a precarização e assegurar condições dignas para quem trabalha diariamente em defesa da informação pública e da democracia”, reforça a presidenta da entidade.