Carta aberta dos jornalistas da Tribuna de Minas e da Rádio Transamérica à direção do Grupo Solar de Comunicação

Caros integrantes da direção do Grupo Solar de Comunicação (Rede Tribuna de Comunicação),

 

Nós, jornalistas da Tribuna de Minas e da Rádio Transamérica Juiz de Fora aqui subscritos, vimos por meio desta carta expressar nossa preocupação com o longo processo em curso de precarização das atividades jornalísticas no jornal e na rádio.

 

Convivemos, sim, em um mercado em transformação permanente e, desde o advento da internet, cada vez mais desafiador. O modelo de financiamento do jornalismo não é mais o mesmo, ainda que novas possibilidades continuem surgindo.

 

Nas redações, novas práticas demandadas por novas plataformas multimídia exigem um profissional de perfil cada vez mais inovador, criativo, tecnológico e, sobretudo, disposto a enfrentar mais tarefas e uma jornada diária mais longa.

 

A lógica da instantaneidade alterou a temporalidade das transmissões da notícia, que é redigida, editada e publicada a todo momento. Todo esse incessante trabalho é realizado por equipes cada vez menores e com baixa remuneração.

 

Especificamente em relação ao Grupo Solar de Comunicação, a situação foi agravada com o pedido de recuperação judicial, que implicou em restrições em todas as áreas, sobretudo no que diz respeito às relações trabalhistas.

 

Nos últimos anos, os jornalistas da Tribuna de Minas e da Rádio Transamérica Juiz de Fora acompanharam de forma compreensiva os desdobramentos das muitas crises em curso. As conversas com a direção do grupo foram e continuam pautadas pelo bom senso.

 

O que motiva esta carta é o fato de a situação ter chegado ao limite, implicando em desdobramentos indesejáveis para o exercício da atividade jornalística, com repercussões para os leitores do jornal e os ouvintes da rádio.

 

Para além de reafirmamos nosso incansável compromisso profissional, manifestamos nossa preocupação com a manutenção do modelo de relação trabalhista pautado unicamente pela lógica da redução de custo, que nos trouxe até aqui.

 

A negociação do acordo coletivo de trabalho atualmente em curso é o retrato fiel desse modelo aviltante. Em resposta às demandas para, ao menos, retomarmos o padrão remuneratório pré-2019, a direção do grupo impôs um incremento mínimo no vale alimentação e o reajuste de 5% nos salários com defasagem acumulada de 22%.

 

Reconhecemos uma vez mais as muitas adversidades do atual fazer jornalismo no mundo. O fato de nossa atividade estar em constante transformação também impõe – ou deveria impor – o desafio de se repensar as relações de trabalho.

 

Nunca foi tão imprescindível cultivar o bom jornalismo, o que sempre foi a marca do Grupo Solar de Comunicação e que, lamentavelmente, está se perdendo.